Estamos nos aproximando do dia das eleições no Brasil, e vemos cada vez mais artistas e influenciadores digitais se posicionando nas redes sociais, já que influenciam diretamente na opinião do público que os acompanha. Porém, muitos questionam sobre o papel das empresas neste cenário, se deve ou não se posicionar politicamente. Afinal, as eleições de 2018 deram voz à diversos executivos que passaram por cima do nome da empresa para levantar sua bandeira partidária.
Vivemos em um momento em que a polarização política no país tem criado um ambiente hostil entre pessoas com posicionamentos diferentes. Familiares que cortaram laços, amigos que deixaram de se ver, vizinhos que fazem uma guerra fria de gritos no prédio. As empresas, espaço parte da sociedade, não ficariam à parte disso. Porém, é importante resaltar que se posicionar politicamente não é apoiar um candidato ou um partido, mas sim defender causas que possam beneficiar a empresa e seu público.
Quando se trata do ambiente interno da empresa, é preciso entender que nem todos os funcionários dividem a mesma opinião – uns tendem para um lado, outros para outro e ainda há aquela parcela que não gosta de se posicionar a respeito. É comum ver relatos de empresários que constrangeram e obrigaram, de certa forma, colaboradores a votarem em determinado candidato, chegando até ameaçar demitir o colaborador. Essa situação chegou inclusive a ser noticiada e foi repudiada por uma grande parcela de juristas, haja vista a evidente ofensa a direitos fundamentais dispostos na Constituição Federal, como as liberdades de expressão e de voto.
De acordo com uma pesquisa feita pela Edelman Earned Brand (2018), o Brasil é o segundo país em que as pessoas mais buscam o alinhamento entre os propósitos pessoais e o das empresas no momento de fazer suas compras. Mas alguns cuidados devem ser tomados pelas marcas ao se posicionarem politicamente, visto que essa atitude trará oportunidades e riscos. A pesquisa revelou inclusive que 69% dos brasileiros boicotam as marcas, dependendo do posicionamento que elas assumem em relação a questões da sociedade.
Foi o que aconteceu com as redes de lojas Centauro, Havan e Riachuelo, com as academias Bio Ritmo e Smart Fit e com as cadeias de restaurantes Coco Bambu e Madero. Os gestores dessas empresas demonstraram apoio ao presidente brasileiro, com alguns chegando a se engajar nas manifestações favoráveis ao governo. Com isso, muitos consumidores destas marcas passaram a boicotá-las. O resultado disso foi um grande prejuízo financeiro: a Smart Fit, por exemplo, registrou um prejuízo de mais de R$160 milhões. Já o Madero, o Chef e CEO grupo, Junior Durski, chegou a anunciar em suas redes sociais que um de seus restaurantes em Curitiba, que costumava receber 400 clientes por dia, está servindo cerca de 30 pessoas diariamente.
O que o consumidor faz quando uma marca é a favor de ideais políticos no qual ele discorda:
Fonte: Opinion Box – 2021
O posicionamento das marcas é muito complexo e delicado, sobretudo quanto se trata de política. O preço de se posicionar politicamente pode ser alto, e deve ser evitado. Se for se posicionar, é importante medir os efeitos econômicos que seus discursos trarão para a empresa.